A vinte e quatro quilómetros da sede do concelho, Lagoa
está situada na margem direita do rio Sabor, afluente
do Douro. Encontra-se num vale que oferece excelentes paisagens
àqueles que visitam a freguesia. Lá em baixo a
praia fluvial fornece o necessário lazer e repouso para
os turistas e para os seus naturais.
Segundo Américo da Costa, antes portanto de um crescimento
urbanístico que nos últimos anos se tem revelado
evidente, a freguesia era constituída pelos seguintes
lugares: Bairro de Baixo. Bairro de Cima, Barreira, Canto.,
Carrascal, Castelo., Cruz, Fontão, Fonte Nova, Fundo
da Igreja, Nogueiras, Presinha e S. Paio. Uma lista que apesar
de não dever ser eliminada de imediato, terá
de ser vista com cuidado, já que aquele polígrafo
portuense considerava como lugar aquilo que muitas vezes não
passava de uma simples rua.
O povoamento de Lagoa deve ser bastante remoto, a julgar
por alguns restos de fortificações que ainda
permanecem na sua área. Na chamada Fraga do Castelo,
têm aparecido também restos de cerâmica,
muito provavelmente provenientes de utensílios domésticos
de fabrico local. Em Noveio, no termo da freguesia, apareceu
um triturador de pedra. O Abade de Baçal acrescentou
a estes factos as usuais lendas relativas a mouros e tesouros
encontrados: "Quando os mouros, pela força das
armas cristãs, se viram obrigados a deixar as terras
que haviam conseguido dominar, lindas mouras encantadas teriam
deixado, fazendo guarda a seus tesouros. Até que um
dia chegasse, deles pudessem vir tornar conta. Essas mouras
viveriam em locais sempre assinalados por vestígios
de civilizações extintas, como era o caso da
Fraga do Castelo, que, muito provavelmente, teria tido origem
num primitivo castro.”
Com as invasões bárbaras, era uma grande força
organizadora que se iniciava, os tentames do cristianismo
que se desenvolveram naquela época sueva e visigótica,
responsáveis inclusivamente pela formação
de diversas dioceses. Foi em 409, quando povos de origem germânica
invadiram a Península Ibérica e, passados dois
anos, conquistaram toda a região. O Império
Romano em decadência, foi facilmente substituído
por um povo guerreiro e pagão que Durante três
séculos dominou o futuro território português.
É um período rico da história de
Portugal, importante na formação do país.
Com os suevos e os visigodos, vão ser lançadas
as bases de um mundo novo, o mundo medieval. Começa
a desenhar-se uma nova organização social e
política do território, e no domínio
religioso, a ascensão do Cristianismo como religião
oficial, dominadora, monopolizadora das consciências.
Por via de um povo bárbaro entretanto convertido ao
catolicismo.
Depois da Reconquista Cristã, veio o repovoamento
do território português. Em Lagoa, temos as informações
de como tal foi feito. Utilizou-se os incentivos através
da instalação de casais, como foi feito amiúde
em grande parte do País: "A aldeya que chamam
alagoa foy pobrada ora em tempo quando gonçalo medez
era juiz de Bragança por Regeenga e por foreira dei
Rey e de Bragança e fezerom hy cinquoenta casaaes.
E dizem as testemunhas que filhos dalgo e creligos e outros
homens rezerom em termo dessa aldeya outros cinquoenta casaes
enab herdamento que foy dado para os cinquoenta casaes primeiros.
E tragenos por honrra e nom fazem onde Rem. Seiam devassos
todos e entre hy o andador de bragança pollos
dereitos deI Rey. E chame el Rey os cavaleiros sobresses casaaes
que tragem".
Lagoa esteve anexa á reitoria de Santo André
de Morais até constituir vigariaria independente. Foi
durante muito tempo um curato apresentado pelo reitor de Morais,
que lhe dava de rendimento anual seis mil réis de cóngrua
e o pé de altar. Pertenceu a Izeda até 24 de
Outubro de 1855, transitando posteriormente para o concelho
de Macedo de Cavaleiros.
É uma população humilde, a de Lagoa,
hospitaleira e amiga como só as pessoas desta região
o sabem ser. Conhecem bem as dificuldades da vida, e é
por isso que a facilitam aos que vêm de longe. Para
sobreviver, trabalham muito, na fábrica, na loja e
sobretudo nos campos. A agricultura e a pecuária são
as principais actividades da freguesia, aquelas que desde
sempre têm garantido a sobrevivência económica
das populações locais. Mas nem só do
cultivo vive a população de Lagoa. Com uma população
que não tarda muito estará nos mil habitantes,
a freguesia diversifica as suas actividades e começa
a dedicar-se, também, à indústria. A
construção civil, a panificação
e a carpintaria são aqui os principais ramos do sector
secundário, que garantem alguns postos de trabalho
e a satisfação das necessidades mínimas
da sua população.
Esta população demonstra a sua religiosidade
através de festas que durante todo o ano dedicam aos
santos da sua predilecção: Santa Bárbara,
Santo Arsénio e S. Martinho. A este último,
o orago da freguesia, é dedicada a igreja paroquial,
de agradável prospecto exterior e com alguns elementos
de relativo valor artístico e histórico no interior. |